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Mato Grosso do Sul, 19 de abril

Os 5 motivos que fazem de Lady Bird o filme do momento

Como uma personagem feminina adolescente forte cativou tantas pessoas?

Por Redação
16/02/2018 • 08h11
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“Coming of Age.” Amadurecer e chegar à vida adulta são temáticas tão emblemáticas que transformaram-se em gênero literário. É isso mesmo: histórias que tratam dessa transição tão específica, cheia de momentos doloridos e impressionantes, com muitos deslumbramentos e preciosidades, são categorizadas pelo termo que inicia esse texto. Em tradução literal, ele significaria “a chegada da idade.” E é ao redor dele que transita Lady Bird, filme de estreia de Greta Gerwig como diretora, escrito também por ela, que chegou essa semana aos cinemas brasileiros.

A comédia dramática é sobre a vida de Christine Lady Bird, uma adolescente que quer muito sair de sua cidade pequena (Sacramento, na Califórnia, cidade na qual Greta também cresceu), e para isso tenta ingressar em universidades mais difíceis (e caras) do outro lado dos Estados Unidos, em Nova York. Enquanto ela encara o último ano do ensino médio, sua relação com sua mãe — difícil como muitas vezes é, tocante também — é destrinchada em frente às câmeras.

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Mas Lady Bird tinha tudo para ser um filme convencional, e quem lê sua sinopse não se impressiona. Quais são os motivos, então, para ele estar chamando tanto a atenção de quem assiste? 

1. Lady Bird é uma personagem feminina forte — e isso inclui poder ter inseguranças e cometer erros

Você se lembra de Holden, personagem principal de O Apanhador no Campo de Centeio? Assim como ele, Christine “Lady Bird” é implacável. Só que ela é mulher! Quantas vezes foi dada a chance de uma personagem adolescente feminina ser forte e até meio chata? Apesar de seu ímpeto para conseguir o que quer, a personagem é construída com tantas camadas que é possível se identificar com ela de muitos jeitos deferentes: ela é um pouco insegura, por exemplo. E também deposita expectativas de sucesso em ter amigos e um namorado descolado. Mas como ela é muito forte, esses erros doloridos que são parte da vida não a impedem de seguir em frente. Deveria ser sempre assim, certo? É torcer para inspirar as muitas meninas que verão o longa…

O filme também tem muita da própria Greta, então vale a pena pensar que, em algum momento da vida, a hoje atriz e diretora de sucesso já foi uma garota como muitas outras: com limitações, com uma relação complicada com a mãe (que também é enfermeira!) mas destemida e também deslumbrada com o mundo adulto das artes nova iorquinas.

2. Saoirse Ronan é um show de atriz, Greta Gerwig um show de diretora. E as coisas estão mudando. 

De acordo com uma pesquisa comandada pelo Center for the Study of Women in Television and Film, 92% das grandes produções de 2016 não tinham nenhuma mulher na direção. Sob as palavras e lentes de Greta, o filme de 94 minutos é tão dinâmico que, quando acaba, é uma surpresa. E ele é focado em mulheres: na relação entre mãe e filha, entre amigas, entre novas e antigas amigas — e tudo isso na visão de uma escritora e diretora mulher. Não é à toa que ele foi um dos únicos a ter uma constante qualificação de 100% no Rotten Tomatoes, um dos maiores portais sobre filmes da internet. Vale lembrar que estamos em momentos turbulentos em Hollywood e que o assédio não está mais sendo tolerado na indústria. Nada como um duo desses para começar o ano com o pé direito.

Saoirse venceu o Globo de Ouro de melhor atriz em comédia ou musical pela atuação no filme, e também está indicada ao Oscar pelo mesmo papel. Apesar dela estar nas telas desde criança e de ter estrelado alguns sucessos, agora é sua hora!

3. Entender o motivo do filme ter esse nome — e então se apaixonar denovo pelo poder das narrativas 

Sem spoilers aqui. Mas anote: não existe nenhuma explicação clara durante o filme sobre o motivo de Christine escolher “Lady Bird” como seu nome oficial. A resposta (ou a falta dela) está, claro, nas entrelinhas. Quem gosta de uma boa história e se emociona com o poder inspirador de uma boa narrativa, vai sair do cinema extremamente inspirado.

4. Lembrar da sua adolescência de uma forma diferente 

Diversas religiões têm diferentes rituais para marcar a passagem da adolescência para a vida adulta. Mas é comum que a gente cresça e tenha a sensação de estar sendo empurrado a crescer sem explicações, e sem tempo para que a gente absorva as mudanças tão intensas de não ser mais adolescente. Para quem era como Lady Bird — com inclinações artísticas mais ou menos específicas e uma vontade muito grande de fugir –, o filme é identificação na certa. Mas mesmo quem não tinha essas características consegue entender a preciosidade de cada episódio estapafúrdio do crescimento — e é com um humor delicado e sutil, nunca irônico e escrachado, que Greta retrata o crescimento de Christine nas mais diversas áreas da vida.

5. Lembrar que as pessoas com as quais convivemos tem um universo próprio 

Como imaginar que nossos pais tem uma vida emocional? Como entender que sempre tem coisas acontecendo com eles que nós nem imaginamos? Para os pais, como se despedir de filhos com os quais temos uma relação complicada? Não que existam respostas, mas o filme definitivamente explora todas essas nuances emocionais. Marion McPherson, a mãe de Lady Bird, interpretada por Laurie Metcalf, representa um universo para o qual o mundo normalmente fecha os olhos porque é considerado muito pessoal: o da mãe incompreensiva. Quem quer se impressionar, basta apertar o play!

(mdemulher)

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