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Mato Grosso do Sul, 23 de abril

Queda de cabelo excessiva é comum entre mulheres. Como lidar?

Confira quais são as principais causas e o que é possível fazer para frear a perda dos fios

Por Redação
02/08/2018 • 08h40
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Engana-se quem acha que a ala feminina não sofre tanto de queda de cabelo. De acordo com a Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar (ABCRC), 50% das mulheres com menos de 50 anos vão enfrentar a patologia em algum momento da vida. As causas são bem variadas: hormônios desajustados, falta de vitaminas e minerais essenciais (oi, dietas restritivas!), excesso de oleosidade, passar muito tempo com o cabelo preso e fatores genéticos são apenas algumas delas. “Nas mulheres, é comum que o problema seja diagnosticado quando são jovens, por volta dos 17 ou 20 anos”, diz o cirurgião plástico e presidente da instituição, Mauro Speranzini, de São Paulo.

E, verdade seja dita, nunca teremos zero queda. Uma pessoa normal perde de 100 a 150 fios por dia. É fácil de perceber quando esse volume é ultrapassado: começamos a encontrar cabelo no travesseiro, no chão do banheiro e até quando passamos a mão de leve na cabeça. Essa quantidade maior é a deixa para fazer uma visita ao consultório. Além da queda em excesso, outros sintomas são as falhas, que se tornam visíveis no espelho, e o afinamento do fio, que se torna fraco e muitas vezes não cresce.

Mas o que está acontecendo?

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Há mais de um motivo para você notar que está com muito menos cabelo. Um deles é a alopecia areata, um processo inflamatório que impede que os fios cresçam e cria falhas circulares bem características no cabelo. Geralmente é causada por fatores emocionais, como o stress. Outro, conhecido como calvície feminina, a alopecia androgenética, é causada por uma sensibilidade maior ao hormônio DHT (di-hidrotestosterona), derivado da testosterona e que está presente no corpo feminino.

Neste caso, além das falhas na região central da cabeça, há um afinamento progressivo do fio e a queda é lenta e gradual — muitas mulheres demoram a perceber a situação justamente por isso. O diagnóstico é feito principalmente com base no exame clínico e no histórico familiar. “Existem também exames de sangue que podem sugerir o quadro. Se ainda houver dúvidas, realizamos uma biópsia do couro cabeludo”, explica o tricologista Adriano Almeida, diretor da Sociedade Brasileira do Cabelo, de São Paulo.

Conviver com o problema inspirou Giovana a criar um perfil no Instagram (@pormaisfios) para compartilhar suas experiências com outras portadoras da doença. “A calvície já afetou muito minha autoestima nos dez anos em que faço tratamento. Já deixei de fazer coisas mais simples, como penteados de cabelo preso e tirar o chapéu na piscina, e também já fiquei insegura em encontros e entrevistas de emprego por pensar que a pessoa estava olhando muito para a minha cabeça.

Na maioria das vezes nem estava. Hoje em dia, eu lido melhor com isso, pois tenho mais consciência do que é a calvície e não me culpo por ela, além de contar com o apoio de amigas e de seguidoras do meu perfil que também passam pelo mesmo problema. Isso fez e continua fazendo toda a diferença”, diz Giovana.

Dá para tratar?

Finasterida e minoxidil talvez sejam os ativos mais conhecidos quando o assunto é queda de cabelo. O primeiro é um suplemento oral que ajuda a inibir a ação do hormônio DHT; já o segundo é aplicado em forma de loção para melhorar a circulação no couro cabeludo e o crescimento dos fios. Ambos só podem ser usados sob orientação médica.

“A finasterida pode causar má-formação fetal, ou seja, é preciso garantir que a mulher não irá engravidar durante o tratamento”, alerta o cirurgião plástico Mauro Speranzini. Outras ações possíveis são o microagulhamento do couro cabeludo seguido por aplicação de ativos que estimulam o crescimento do cabelo, o uso de xampus específicos para controlar a oleosidade e a aplicação de laser terapêutico para estimular os folículos capilares.

A dúvida nunca existiu no diagnóstico da analistade comunicação Gabriela Araújo, 33 anos, de São Paulo. Com um histórico forte de queda de cabelo na família (mãe e avó sofrem do mal), ela teve a doença confirmada por uma dermatologista há 12 anos. “Não fico abalada e convivo bem com o problema, mas me atrapalha no dia a dia. Os cortes da moda, penteados de festa, nada foi pensado ou fica bom para quem tem pouco cabelo”, diz. Para ela, a dificuldade em continuar o tratamento mora na falta de disciplina em tomar a medicação e aplicar loção. “Já comecei duas vezes e parei porque me esqueço de tomar.” Mas não tem jeito: quem quiser reverter o processo e estiver com a autoestima afetada terá de colocar o cabelo no topo da rotina de cuidados — tudo vai depender de quanto afeta sua vida.

Coisa de salão

Limpar, oxigenar e nutrir o couro cabeludo são os principais objetivos dos tratamentos oferecidos em salões especializados em saúde capilar. Conheça três deles:

No SpaDios, em São Paulo, por exemplo, há uma sessão acompanhada de aplicação de vitaminas (a partir de 280 reais) e uma sessão de luz de quartzo (a partir de 45 reais). “Um aparelho faz a sucção do couro cabeludo para estimular a circulação local”, explica Renata Souza, especialista e sócia do espaço, que recomenda pelo menos uma a duas sessões por semana durante dois meses.

Já no Spa do Cabelo do Studio Tez, em São Paulo, é possível combinar terapias com óleos essenciais e laser de alta frequência (a partir de 420 reais a sessão) para melhorar a qualidade do folículo capilar. “A terapia feita em salão complementa os procedimentos feitos no consultório”, diz a farmacêutica bioquímica especialista em tricologia Marcela Buchaim, de São Paulo. Em média, os resultados aparecem em seis meses.

Os rituais de tratamento antiqueda da Phyto Paris (a partir de 350 reais), feitos em consultórios e salões de beleza, usam o laser com produtos à base de células- -tronco vegetais para estimular o cabelo a crescer e fortalecer a estrutura do fio. “É indicado para pessoas com quedas reacionais, causadas por stress ou problemas hormonais, como as que enfrentam a queda crônica causada pela genética”, explica a diretora de educação da marca, Letícia Roselli, de São Paulo. Na grande maioria dos casos, segundo ela, em três meses já é possível ver uma mudança na qualidade e no volume dos fios.

Mitos & verdades

Lavar o cabelo todo dia aumenta a queda?

Não. Deixar de lavá-lo pode aumentar a oleosidade do couro cabeludo — um dos fatores associados à perda de fios. Apenas evite dormir com o cabelo molhado: a umidade favorece a proliferação de fungos — esses, sim, prejudiciais à saúde do cabelo.

Tomar zinco, polivitamínicos ou cápsulas de colágeno resolve?

Depende. A falta de minerais como ferro e zinco e vitaminas como a B12 pode de fato causar a queda de cabelo. Portanto, a ingestão melhoraria o quadro. “O problema é que o excesso de vitaminas pode causar alterações no fígado e acne”, diz a dermatologista Vivien Yamada, de São Paulo. Além disso, se a causa for outra (como a alopecia androgenética), esses suplementos têm pouco ou nenhum efeito. Já o colágeno é puro mito: não há comprovação científica de que ele tenha influência nos fios.

só usar xampu específico é suficiente?

Não. Eles podem ajudar no controle da oleosidade, que abafa o couro cabeludo e contribui para a queda do cabelo. Mas, sem ativos mais potentes, não conseguem estimular o crescimento de novos fios. O ideal é combinar tratamentos de consultório com produtos específicos para usar em casa, sempre sob a orientação do médico.

Prótese capilar x peruca

Opções para ajudar na autoestima, a diferença entre elas está na base: enquanto a prótese possui uma tela para amenizar o calor e uma fita adesiva específica para a pele, a peruca tradicional tem um tecido mais grosso e dá um efeito menos natural. Por abafarem o couro cabeludo, ambas não são recomendadas nos casos em que os fios podem voltar a crescer. A empresária Claudia Saraiva, 47 anos, de Cotia (SP), foi diagnosticada aos 20 anos com alopecia androgenética. Mesmo seguindo o tratamento à risca, eventualmente o cabelo deixou de cobrir o couro cabeludo. Foi quando ela decidiu adquirir uma prótese: “No dia a dia, saio ao natural mesmo. Deixo para usá-la em ocasiões especiais”.

Tem novidade

Se a queda for muito acentuada, é possível pensar no implante capilar. Uma opção são aqueles feitos com fios artificiais confeccionados com náilon, presos sob a pele com pequenas âncoras de metal cirúrgico. É o caso do Hairstetics, produto recém-chegado ao Brasil que possui tecnologia israelense para restaurar o cabelo de mulheres com alopecia. “É um tratamento que permite uma fixação 2,5 vezes maior do que o fio natural”, explica a cirurgiã plástica Juliana Sales, de São Paulo. Feita com anestesia local, a aplicação é pouco dolorosa e permite escolher entre três tons de loiro e três de castanho, além do preto. O preço pode assustar — cerca de 25 mil reais —, e nesses casos é legal avaliar quanto o problema afeta sua autoestima.

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