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Mato Grosso do Sul, 18 de abril

Quem foi a revolucionária Katharine Graham, do filme ‘The Post’

Após passar por cima do machismo, ela não hesitou em enfrentar Richard Nixon e divulgou ao mundo os escândalos dos Documentos do Pentágono e de Watergate.

Por Redação
01/02/2018 • 09h26
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“The Post – A Guerra Secreta” certamente não é um dos grandes destaques do Oscar 2018, mas, mesmo assim, conhecer a história por trás do filme é algo que vale a pena. Isso porque ele fala sobre uma mulher chamada Katharine Graham(conhecida também como Kay Graham), figura revolucionária na imprensa. Interpretada por Meryl Streep, que recebeu sua 21ª indicação ao Oscar pelo papel, ela foi publisher e CEO do Washington Post e teve a coragem de mudar a história da política nos EUA. 

Foi Katharine quem tomou a decisão de publicar informações dos Documentos do Pentágono e, mais tarde, também esteve à frente do Post na revelação do escândalo de Watergate. Isso culminou na renúncia do presidente Richard Nixon, em 1974. Kay é sempre lembrada como uma pessoa que teve a coragem de enfrentar o governo e, para chegar nesse patamar, ela também teve que passar por cima do machismo, lógico.

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Por ser mulher, nem o pai de Kay acreditava no seu potencial

Kay nasceu em 16 de junho de 1917 e, nos anos 1930, o pai dela – Eugene Meyer – comprou o Washington Post. Ele planejava deixar a empresa nas mãos do filho, mas o moço resolveu ser médico. Enquanto isso, Kay logo cedo demonstrava grande interesse pelo jornal.

A mãe dela, Agnes Ernst Meyer, havia sido repórter no início do século 20, mas as duas não tinham uma boa relação e Eugene nunca acreditou na capacidade de Kay para atuar ativamente na publicação do Washington Post. Mesmo assim, ela não perdeu o interesse pelo jornal e trabalhou em cargos pouco importantes quando jovem.

Nem mesmo quando o pai se aposentou a empresa passou a ser chefiada por Katharine. Eugene escolheu o marido dela, Philip Graham, como sucessor, por mais que o genro fosse advogado e não demonstrasse grande interesse pelo periódico. Nessa época, Kay já estava trabalhando no Post há mais de uma década.

Ela só viria a tomar as rédeas da publicação aos 42 anos, na década de 1960. Esse processo foi bastante trágico, pois aconteceu em decorrência do suicídio de Philip. Ele foi diagnosticado com transtorno maníaco-depressivo e chegou a ficar várias semanas internado, mas matou-se logo após receber alta.

Com a tragédia, Kay tornou-se CEO e publisher do jornal, em 1963, mas nem é preciso dizer que o ambiente não deixou de ser hostil para ela. Sua competência seguiu sendo colocada em cheque durante anos. Antes dela, nenhuma outra mulher havia sido publisher de um grande jornal nos EUA.

A decisões corajosas que revolucionaram a imprensa e a política

O ano era 1971 quando o New York Times teve acesso aos Documentos do Pentágono e iniciou uma série de publicações trazendo à tona mentiras sobre a Guerra do Vietnã. Após o terceiro dia de publicações, a Justiça acatou um pedido do governo americano para impedir que as reportagens continuassem. Diante disso, o Post resolveu ir atrás da fonte que havia entregado os documentos secretos ao Times.

Com o material em mãos, a decisão de retomar as publicações do escândalo era a mais arriscada possível. Kay, o editor-chefe Ben Bradlee (interpretado por Tom Hanks no filme) e outros envolvidos corriam o risco de ser presos. Felizmente, isso não aconteceu, mas a divulgação dos Documentos do Pentágono não causaram o efeito esperado. A Casa Branca conseguiu convencer a população de que os fatos divulgados não representavam nada alarmante e Nixon acabou sendo reeleito em 1972. 

Nesse mesmo ano, porém, Kay viria a ser peça chave no estouro de um escândalo muito maior: o de Watergate. O Post descobriu um intrincado esquema de conspiração e espionagem realizadas por membros do governo de Nixon e, mais uma vez, a decisão de publicar o caso estava nas mãos de Kay. Ela resolveu divulgar tudo.

Ao contrário do que aconteceu em 1971, dessa vez Richard Nixon não teve para onde correr. Frente às revelações, foi aberto o processo de impeachment, mas ele renunciou ao cargo antes de ser tirado do poder. Até hoje esse é o maior escândalo político dos EUA e um dos mais emblemáticos da história mundial.

Katharine Graham faleceu em 17 de julho de 2001, aos 84 anos. Ela bateu a cabeça em uma queda e não resistiu aos ferimentos.

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